domingo, 5 de maio de 2013

Liberdade



Fingir na queda o vôo, talvez seja a única sensatez que resta ao poeta”

Gosto de fingir que sou livre! Caçôo dessa tal liberdade que desconheço e que jamais conhecerei. Quando sinto que a vida rompe os meus caminhos, simulo ter escolhido aquele pelo qual ela me leva. E vou seguindo, correnteza abaixo, sem opor resistência.

Pois, se, para Sartre, o homem está condenado a ser livre; coitado! Antes de livre, o homem é um condenado. E até sua liberdade seria conseqüência de sua condenação, não lhe restando outra opção, senão aquela determinada por sua condição humana.

A liberdade, portanto, é algo utópico! Um atributo divino, impossível de ser experimentado pelo bicho-homem: limitado por sua condição existencial, pelo tempo e pelo espaço que ocupa nessa parcela pequena do cosmo. E, principalmente, limitado por suas escolhas, cujas conseqüências já estão, naturalmente, pré-definidas. Sendo, portanto, impossível escolher as conseqüências não há liberdade, pelo contrário, há condicionamento!

A felicidade não está em opor-se à força que nos condiciona, mas em fingir a escolha do roteiro da correnteza, e nela seguir... Talvez, o segredo da felicidade esteja em fingir ser livre! Evitar esforços desnecessários que só terminam em fadiga.


Aprendi que em certas situações não vale a pena resistir à vida e nadar contra o curso da maré é, muitas vezes, o mais tolo dos esforços. Pra ser feliz é necessário entregar-se ao imodificável e fazer das condicionantes uma escolha: da imposição natural, o livre-arbítrio. E seguir cantando.

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