‘Fingir na
queda o vôo, talvez seja a única sensatez que resta ao poeta”
Gosto de fingir
que sou livre! Caçôo dessa tal liberdade que desconheço e que jamais
conhecerei. Quando sinto que a vida rompe os meus caminhos, simulo ter
escolhido aquele pelo qual ela me leva. E vou seguindo, correnteza abaixo, sem
opor resistência.
Pois, se, para Sartre, o homem está condenado
a ser livre; coitado! Antes de livre, o homem é um condenado. E até sua
liberdade seria conseqüência de sua condenação, não lhe restando outra opção,
senão aquela determinada por sua condição humana.
A liberdade,
portanto, é algo utópico! Um atributo divino, impossível de ser experimentado
pelo bicho-homem: limitado por sua condição existencial, pelo tempo e pelo
espaço que ocupa nessa parcela pequena do cosmo. E, principalmente,
limitado por suas escolhas, cujas conseqüências já estão, naturalmente,
pré-definidas. Sendo, portanto, impossível escolher as conseqüências não há
liberdade, pelo contrário, há condicionamento!
A felicidade não
está em opor-se à força que nos condiciona, mas em fingir a escolha do roteiro
da correnteza, e nela seguir... Talvez, o segredo da felicidade esteja em
fingir ser livre! Evitar esforços desnecessários que só terminam em fadiga.
Aprendi que em certas
situações não vale a pena resistir à vida e nadar contra o curso da maré é,
muitas vezes, o mais tolo dos esforços. Pra ser feliz é necessário entregar-se
ao imodificável e fazer das condicionantes uma escolha: da imposição natural, o
livre-arbítrio. E seguir cantando.
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