“(...) pessoas às vezes
adoecem de gostar de palavra presa
palavra boa é palavra líquida
escorrendo em estado de
lágrima.”
(Viviane Mosé)
Ela
chegou apressada e aflita. Tentava ofegantemente explicar o inexplicável. Havia
ensaiado mil vezes aquele monólogo, com palavras e mais palavras, na busca de
uma justificação para o que aconteceu.
Ela
não entendia que era preciso respeitar o inexplicável, e sua inerente
resistência de ser decifrado. E, quanto mais falava, na busca desesperada por
se desculpar, mais se emaranhava naquele bocado de palavras que saiam de sua
boca.
Foi
então que percebeu como as palavras às vezes são dispensáveis, e que o não
falar também pode comunicar. Na angustia por não ser compreendida, lançou-lhes
um olhar de súplica, seguido de muitas lágrimas. Ai, então, que a
compreenderam, não com o cérebro, mas com o coração.
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