quarta-feira, 8 de maio de 2013

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“(...) pessoas às vezes adoecem de gostar de palavra presa
palavra boa é palavra líquida
escorrendo em estado de lágrima.”
(Viviane Mosé)

Ela chegou apressada e aflita. Tentava ofegantemente explicar o inexplicável. Havia ensaiado mil vezes aquele monólogo, com palavras e mais palavras, na busca de uma justificação para o que aconteceu.

 Ela não entendia que era preciso respeitar o inexplicável, e sua inerente resistência de ser decifrado. E, quanto mais falava, na busca desesperada por se desculpar, mais se emaranhava naquele bocado de palavras que saiam de sua boca. 

Foi então que percebeu como as palavras às vezes são dispensáveis, e que o não falar também pode comunicar. Na angustia por não ser compreendida, lançou-lhes um olhar de súplica, seguido de muitas lágrimas. Ai, então, que a compreenderam, não com o cérebro, mas com o coração.


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