quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Agradecimentos

     Confesso que hoje ao escrever esse texto, embalado ao som de Milton Nascimento, cantando “Caçador de Mim”, passa um filme diante dos meus olhos. Um filme que é a soma de dramas, comédias, ação e aventuras. Visualizo um gênero cinematográfico ainda não inventado, que comporta em si todas as emoções captadas pela alma humana.
     A história narrada nesse filme tem início quando um jovem rapaz de dezoito anos, chega em uma cidade, para ali cursar a Faculdade de Direito. Deixando para traz sua família, seus amigos, a fim de correr em busca dos seus sonhos.
     De início, se sente como um passarinho que acaba de sair do ovo, e estranha a nova realidade que se apresenta a sua volta. Sente saudades de sua casa, do calor do ninho materno. Se sente só, triste. Pensa em voltar, em abrir mão do seu sonho, mas a vontade de cursar uma Faculdade o faz desistir desse pensamento.
     Dessa forma, os dias vão passando sem que pudesse perceber, e dia após dia, vai seguindo em frente, sem parar para pensar nas conseqüências de sua escolha, nem nas dificuldades - das mais triviais as mais complexas - que a vida lhe apresenta diariamente.
     Contudo, mesmo se sentindo desamparado, percebe que não está só, vê que existem várias outras pessoas passando pela mesma situação que a sua. E por isso, se identifica com esse grupo, e passa a dividir com eles seus dias, seus momentos de alegria, de tristeza. E então, de repente, “não mais que de repente”, está cercado de pessoas as quais pode considerar seus amigos.
      Os dias vão se passando, percebe que a cada dia está mais apaixonado pelo Curso de Direito, pela Universidade na qual estuda, e pelos amigos que acabara de conquistar. Vive com esses amigos momentos e sensações únicas, que jamais experimentara durante sua vida. Enfim, está feliz!
      Tais momentos de felicidade, associado a sua imaturidade, o faz ver o mundo com um certo romantismo. Mas ao longo de sua trajetória universitária, se depara com determinadas situações que o faz enxergar a vida, sem os óculos da ingenuidade.  Passa a perceber os interesses individuais que cercam todas as atividades administrativas e institucionais. Percebe o egocentrismo, que rege grande parte das relações das pessoas naquela Universidade. Vê a podridão que cerca a Universidade, a forma maléfica como ela é gerida. Se assusta!
      Sua primeira reação diante dessas coisas, é se indignar, e então, sobe nos palanques, pega nos microfones, reivindica, protesta, na esperança de ser ouvido pelos demais. Os que o cercam não entendem sua revolta, sua indignação, vêem suas atitudes como sendo maluquice, insensatez, loucura! Mas não é isso que o faz parar, continua firme, como um soldado no fronte de batalha, lutando, de forma incansável.
     Entretanto, é necessário registrar, que durante essas lutas, não encontrou apenas opositores, mas também teve a oportunidade de conhecer pessoas imbuídas por essa revolta, que passaram então a serem seus companheiros de batalhas.
     No entanto, nosso personagem não é nenhum herói hollywoodiano, é imaturo, ingênuo, ou seja, portador das falhas que cercam grande parte da humanidade. E diante do fato de ver sua luta como interminável, cansa, pensa em recuar, desistir.
     Mas seus princípios não o permitem que faça dessa forma, seu espírito de guerreiro fala mais alto, e por mais que muitas vezes queira abandonar a batalha, sem perceber já se vê no meio da luta. Nesses momentos de fraqueza é consolado pelos amigos, e são eles que dão a ele condições de continuar na luta, mesmo estando debilitado, cansado, oprimido.
     A luta cotidiana, intensa e interminável que entravou diariamente, as frustrações e amarguras, que experimentou durante desse tempo, o faz largar tudo e voltar de onde veio, sem medo de estar fazendo a coisa errada.
     Novamente não o entendem, vêem nele um tanto de covardia e maluquice, mas aqueles que estiveram com ele durante esses longos três anos, e dividiram consigo todas as situações pela qual passou, o conseguem compreender!
      Ao trilhar o caminho de volta, é guiado por uma mistura de sentimentos que não sabe explicar, uma soma de alegria, por se ver livre desse fardo tão pesado, mas ao mesmo tempo triste, em ter deixado grandes amigos que teve a honra de conhecer. De forma que o rosto que carrega um sorriso, também sente o rolar de uma lágrima.
     O personagem dessa história sou eu, e o tempo em que se passa a narrativa, são os três anos em que estive na cidade de Cáceres, na Faculdade de Direito da UNEMAT!
     Caros amigos, recebam esse texto como minha homenagem, meu carinho e respeito.
Valeu pela força!

4 comentários:

LiA caRoL disse...

Na verdade Vini, é um alivio poder ler um texto seu depois de longos meses de caverna. O poeta político voltou. Seja bem vindo novamente.
Sinto-me personagem de sua narrativa e faço dela roteiro pra meu filme também, pode ser que nossos enredos estejam mudando depois das escolhas, mas no fim nossos personagem, meu e se, tem o mesmo perfil dramatúrgico, são heróis de vida cotidiana, e tem em si dignidade e honra e princípios fortes e honestos. Só sei que as vezes é preciso recuar pra andar mais longe depois, então eu que ja recuei tantas vezes lhe digo, fiz meu tempo na hora certa. Só não deixe de lado suas idéias revolucionárias, o mundo só evoluiu tanto porque sempre houveram nele gente audaciosa e revolucionária. Estamos aki pra isso.
Parabéns pela coragem pra mudar. nunca é fácil tomar sérias decisões.

Eunice Elisia disse...

Vini, faço das suas palavras as minhas, aqui também encontrei apoio em pessoas amigas, para todos os problemas, me decpcionei, quebrei a cara, deixei de enxergar o mundo com a ingenuidade que via... comecei a vê-lo, mas claramente, condizente com a realidade, e você me ajudou muito nessa caminhada....nesses três anos que passamos juntos, conseguimos crescer, amadurecer juntos, através das dificuldades que passamos aqui, das tristezas e também das alegrias. Só espero que você possa sempre guardar com carinho esses momentos que passamos aqui, lembrando sempre dos momentos bons, porque os ruins a gente tem que tentar esquecer ne??? Você se tornou a minha famili aqui, e achu que por isso está sendo dificil continuar a minha vida nesta cidade, mas a vida é assim, acho que é mais uma prova que eu tenho que passar para o meu amadurecimento.Vini, só não esqueça que aqui você fez amigos que sempre, não importa o que aconteça estarão torcendo muito por você. Bjus e Abraços da sua amiga, companheira e irmã, Eunice.

Unknown disse...

Coragem é a capacidade do ser humano de enfrentar o novo.
O novo quase sempre nos provoca medo e vontade de recuar, mas você conseguiu superá-los.
De tudo que vivemos, sempre podemos tirar algum proveito...Na verdade acredito que sempre DEVEMOS tirar algum proveito positivo. Algumas pessoas ainda tem a dificuldade de enxergar o lado bom das coisas, mesmo quando estas se apresentam de forma negativa.
O ser humano só será feliz quando conseguir enxergar que cada um é responsável pelas mudanças que acontecem em sua vida. Deus permite, instrui...mas somo nós, que com o nosso livre arbítrio (capacidade nos dada pelo Deus justo) que aceitamos ser assim ou assado.
Enxergar o lado positivo não quer dizer viver nas nuvens, mas aceitar nossa situação de seres humanos imperfeitos e lutar com as armas que nos são dadas, sempre na busca do bem.
Sabes que tem um grande potencial e onde quer que esteja fará a diferença. Continuamos torcendo por você!
Abrçs...

Barattynha disse...

Ótimo post!