quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Síntese



Carrego dentro de mim dois seres; duas faces, duas formas de ver a vida e de sentir as coisas. Duas personalidades. Tenho comigo dois óculos que me fazem ver a realidade conforme as distorções e os esclarecimentos produzidos por suas lentes.
Vive em mim um realista: metódico, estudante de Direito, cético, racional e cartesiano. Cheio de planos para o futuro, respostas para as perguntas e caminhos a serem rigidamente cumpridos. Com os pés sempre fixados ao chão, é ele quem me capacita a enxergar as coisas com uma certa dose de esclarecimentos e racionalidade.
Junto dele vive um idealista: louco, exagerado, metido a escritor, sem papas na língua, amante da poesia de Cora Coralina e da música de Milton Nascimento, um crente fervoroso em Deus. Alguém que acredita e luta incessantemente por um mundo no qual a existência não será o calvário que é. Um viajante sem bagagens, sem planos pré-determinados, sem alvos a serem cumpridos, que compreende a vida como uma caminhada, sem ponto de partida e chegada, onde a felicidade é a única meta a ser perseguida. 
Sou, afinal, o arquétipo do homem de Freud; metade id e a outra alter ego, meio real, meio ideal. A síntese de um processo dialético doloroso, no qual o contingente e o transcendente se digladiam e que juntos compõe uma consciência formada pela mistura entre a razão e a emoção.

Um comentário:

Hugo Franco disse...

Parabéns pelo excelente texto, Vinícius. Forte abraço.